quinta-feira, 29 de abril de 2021

Desmond Morris - Surrealismo

 


 O Macaco Nu de Desmond Morris (zoólogo e etólogo) é título que circula na Academia de Ciências, pois faz parte da literatura que usa conceitos científicos na sua base.

Apesar de datado (alguns conceitos talvez necessitem revisão), o best seller de 1967 ainda é um queridinho para os biólogos.


Procurando por novos títulos do autor descobri nas entrevistas  um artista bem-humorado que transita entre artes com tranquilidade.


Desmond Morris além de autor de pródigo acervo literário é produtivo  pintor surrealistas, cuja obra se desenvolveu sob a influência de Joan  Miró e Yves Tanguy.

Atualmente com  90 anos, produziu,  4 livros e 57 telas somente no último ano.


Figuras estranhas chamadas Biomorfos  habitam cenários nas suas pinturas surrealistas, como em   "The Arena" (1976) obra-prima  da Tate Collection

Entrevista / Super Interessante - Maio de 2001

- É dele o famoso conceito “iguais, mas diferentes”, usado para definir a distinção entre homens e mulheres. 

-  Sei que parece terrível o que vou dizer, mas o controle da natalidade vai acontecer com o advento de epidemias. As cidades são meios propícios para o contágio de enfermidades.

- Graças à sua curiosidade e capacidade de exploração, o ser humano pode buscar soluções e transformar a sua existência. 

Também podemos mudar nossos hábitos. A mudança de comportamento é a conquista mais importante que o homem pode desejar alcançar

 -  O ser humano é um animal que prefere se ver como um anjo caído e não apenas como um primata que se levantou.

 Entrevista Uol/ Outubro de 2005 

- "Tenho 74 anos e, segundo minha genética, estou jogando a prorrogação, mas com entusiasmo. Sou um inglês cada vez menos tímido. Me interessa mais o pensamento que a hierarquia. Sou moderado e tolerante, como toda a Europa quando foi próspera. Minha mulher e eu estamos unidos por amor e senso de humor. Estou publicando na Espanha 'A Mulher Nua' (ed. Planeta)."

-   Quando vejo uma mulher, como pintor, vejo uma curva. Cada mulher tem uma, mas não só uma curva física, também mental.

- O que mais invejo nas mulheres é sua capacidade de percepção: o mundo sensorial das fêmeas humanas é muito mais rico que o dos machos: elas percebem melhor as cores e a gama cromática, têm um ouvido mais agudo, olfato e paladar mais refinados.  

- Mulheres experimentam com maior profundidade percepções, sensações e sentimentos. Vivem mais. Imitar os homens, como propunham algumas tendências feministas errôneas, é retroceder.


Entrevista/Art UK  - setembro 2020

- Surrealismo de Desmond Morris

- Surrealismo hoje significa, para mim, a alegria em processos de pensamento irracionais e inconscientes - deixar minha imaginação correr livre. Sempre rejeitei as visões e atividades políticas do surrealismo. Eu sou apolítico. Os surrealistas eram extremamente esquerdistas, mas eu sempre disse que a única diferença entre a esquerda e a direita é que um chuta com o pé esquerdo e o outro chuta com o direito. Meu único interesse nos políticos é analisar sua linguagem corporal.  

- Os processos mentais envolvidos em minhas duas atividades (literatura e pintura) são totalmente diferentes. Um é analítico e objetivo e o outro é intuitivo e subjetivo. Eu uso os dois lados do meu cérebro. Muitas pessoas usam apenas um lado. Eu sou muito sortudo. 

Sobre o Lockdown

-  Eu sempre tive sonhos vívidos, mas infelizmente eles nunca se relacionam com minhas pinturas. Minhas atividades atuais são escrever (quatro livros este ano), pintar (57 pinturas este ano), assistir a filmes antigos na televisão, estudar os pássaros em meu jardim e ler livros em minha biblioteca. Todas essas atividades são solitárias, então tenho sorte. O bloqueio, que foi um horror para muitos, foi muito agradável para mim. Sinto-me um tanto culpado por ter gostado tanto quando tantas vidas estão um caos. 

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