quinta-feira, 8 de julho de 2021

Filosofia - Avaliação de 1º Bimestre - Descartes e Meditações Metafísicas

 Meditações Metafísicas de René Descartes, 1641.

René Descartes (1596-1650)

INTRODUÇÂO

 As meditações do filósofo René  Descartes não eram  ordinárias, mas “metafísicas”. Elas alcançaram  além do que a natureza nos oferece, de forma óbvia e imediata.  Foram organizadas com um objetivo específico e exigente: "estabelecer algo firme e constante na ciência e conhecimento". 

No  método das Meditações Metafísicas acontecem duas etapas. Em primeiro lugar, é necessário "abandonar todas as opiniões"o que se faz na Primeira Meditação.

Após  será necessário"começar tudo de novo desde os fundamentos", o que se realizará nas meditações seguintes. 

Portanto o caminho foi  passar pela dúvida ampla e rigorosa objetivando alcançar a estabilidade da certeza.

  Destrua para reconstruir.

MEDITAÇÕES

 Na Primeira Meditação, início das Meditações Metafísicas (1641), Descartes foi em busca  da certeza, questão que já havia começado no Discurso do Método (1637).

- Podemos ter certeza de algo neste mundo? 

- Podemos alcançar uma base fixa e sólida sobre a qual construir nosso conhecimento? 

Neste primeiro momento  em que aparece a "Dúvida" tenta provar  a dificuldade que nós temos em confiar nas percepções dos sentidos para conhecer as coisas.

Na Segunda Meditação surge  o "Cogito". Ele encontra  algo que resiste a dúvida.  A afirmação"Sou" (conhecida como cogito) é verdadeira sempre que dita ou pensada. 

Descartes tenta provar " Existência de Deus"na Terceira Meditação.  Estando no estado em que sabe  que algumas de suas ideias não se comprovam (hipótese do gênio maligno), ele desenvolve três etapas argumentativas a fim de convencer sobre a existência divina: 

1 – Encontrar a ideia de perfeição 

 2 – Analisar esta ideia de perfeição. Potencializar ideias positivas no seu grau máximo.

 3 –Casualidade (causa e efeito). Tem que haver mais realidade na causa do que no efeito. A hipótese do gênio maligno torna-se uma ilusão e ele parte para a existência da perfeição. “( da ideia de perfeição, presente em meu espírito, infiro a existência da perfeição como única causa possível desta ideia.”)

 A Quarta Meditação argumenta sobre o"Erro". Teodicéia *epistemológica  onde se mostra que o homem, e não Deus, é o responsável pelos erros.

* conjunto de argumentos que, em face da presença do mal no mundo, procuram defender e justificar a crença na onipotência e suprema bondade do Deus criador, contra aqueles que, em vista de tal dificuldade, duvidam de sua existência ou perfeição.

Foca nas "Essências Matemáticas" na Quinta Meditação quando são retirados os motivos para duvidar da matemática e da geometria.

 A Sexta Meditação trata das considerações sobre o"Mundo Externo". Excluem-se  os motivos para duvidar das sensações. É provada a existência dos corpos. 

 


PRIMEIRA MEDITAÇÂO

 Descarte adota  como método o critério de  considerar falso todo o duvidoso, apresentando  as seguintes razões para explicar a dúvida:

  -Engano dos sentidos 

 (Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos.”)

 A dúvida cartesiana é apresentada em etapas: primeiro formulaa  a dúvida em relação aos sentidos.  A certeza dos sentidos constitui o primeiro "fundamento " que torna-se  foco da reflexão cartesiana. “Fundamentos” e “princípios” aqui  se referem ao conhecimento primário que constitui a sustentação  de onde surgem todas as afirmativas..

- Sonho 

 ("...todavia devo aqui considerar que sou homem e, por conseguinte, que tenho o costume de dormir e de representar em meus sonhos..."). Descartes se debruçou sobre a ideia de que nossas percepções poderiam ser advindas de sonhos  muito realistas. 

"A vida é um sonho um pouco menos inconstante", escreveu Pascal .Se não há diferença na natureza entre sonho e realidade, então não há como provar que não estamos sonhando agora.

A principio o filósofo  considera que a percepção (o conhecimento que nos vem dos órgãos dos sentidos) é falha. Afirma que ao  pensar que alguma coisa como real podemos  estar apenas sonhando, tendo uma visão,  estarmos com febre ou mesmo  mergulhados na loucura.

Entretanto conclui mais tarde que os elementos dos sonhos são  reais e portanto devem existir fora deles. Outro caminho que o afastou desta  dúvida foi a certeza matemática. As verdades matemáticas imbuídas de certezas não naturais (não "físicas") surpreenderam Descartes, que era matemático antes de se tornar filósofo.

- Loucura ("E como poderia eu negar que estas mãos e este corpo sejam meus? A não ser, talvez, que eu me compare a esses insensatos (os loucos) que constantemente asseguram que são reis quando são muito pobres; que estão vestidos de ouro e púrpura quando estão inteiramente nus; ou imaginam ser cântaros ou ter um corpo de vidro")

- Composição pela imaginação - Considerando imaginação, enquanto fonte de conhecimento ou fonte de produção de ideias,  Descartes argumenta  que o que é composto  nesta faculdade é  arbitrário. Conceitos  formados pela mente de modo arbitrária e não necessários. Neste contexto faz  uma analogia entre quadros de pintura,, que também são arbitrariamente compostos pelos artistas.

- O Gênio Enganador  - Apesar de todos esta reflexão  Descartes pensou que os sentidos ainda poderiam encerrar algo  enganoso que nos convença da sua realidade. Surgiu então a teoria do gênio maligno ou espírito do mal  disposto a enganar todo o tempo. A entidade que usaria de todos os recursos par nos fazer pensar que o que existe não existe e vice-versa. Esse poder maligno seria capaz de mergulhar nossas mentes em uma ilusão completa, afetando tanto nossos sentidos quanto nossa razão. Para tanto descartes nos pede um ato voluntário: devemos imaginar um "gênio do mal, não menos astuto e enganador do que poderoso, que usou toda a sua indústria para me enganar ”.

CONCLUSÃO

Primeiramente o filósofo chamou nossa atenção para o processo da dúvida. Mostrou que duvidar é um exercício racional, ou seja, toda dúvida exige uma resposta, um resultado. Duvidar dos próprios sentidos é desafiar-se a si mesmo. Duvidar dos sentidos, apresentar o argumento dos sonhos e a hipótese do gênio maligno ou do Deus enganador foram algumas formas, de início, utilizadas. Descartes viu nelas a possibilidade de atingir uma certeza maior do que as certezas que já existiam da vida cotidiana. 

Assim termina a primeira meditação metafísica: no meio da escuridão. É  densa, as vezes obscura, da qual a primeira vista nenhuma luz parece brotar.

Referências

1.Considerações Acerca das Meditações Metafísicas Cartesianas , Maria Aliete Colaço

2. France Culture.com

3. La Culture Generale.com      

4.Meditations on First Philosophy


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