domingo, 18 de julho de 2021

Filosofia: David Hume, Filósofo Iluminista

 

  

Gravura de Joseph Wright

ILUMINISMO

 No final da Idade Moderna, no século XVIII, o movimento nascido na França, caracterizou-se por trazer à luz as ideias dos pensadores da época, que através de uma nova forma de pensar, baseado no racionalismo e no saber científico, iluminavam as mentes  da sociedade europeia; que se encontrava imersa nas crenças religiosas e nas monarquias absolutistas.

Esta época vivia:

- O movimento cultural Barroco

 

- Revolução Científica com o desenvolvimento dos  logaritmos, eletricidade, telescópio e microscópio, a lei da gravitação universal, as Leis de Newton, pressão atmosférica e calculadora.

 

- Mudanças políticas como o nascimento da Monarquia Parlamentista na Inglaterra, 

- O ápice  do Domínio Otomano no Oriente 

- Colonização das Américas, e Independência dos USA.

 

-  Isolacionismo do período EDO no Japão, com o governo dos Xoguns,  cujo  desenvolvimento cultural  o caracterizou como a era dourada. 

- Decadência da dinastia Ming na China. escassez de prata, pobreza e calamidades naturais.

- Monarquia do rei  Luiz XIV ou "rei sol". 

  

SAPERE AUDE ou ATREVA-SE A CONHECER

O Iluminismo defendia os ideais de liberdade, progresso, tolerância, religiosa,  fraternidade, governos constitucionais e separação da Igreja-Estado. Foi um período impulsionador para as democracias.


 

DAVID HUME

- Nasceu na Escócia - Edimburgo em 1711 

- Começou os estudos aos 12 ano.

- Aos 18 sofreu um colapso nervoso e foi para a França

 

- Aos 23 anos começou a escrever "O TRATADO DA NATUREZA HUMANA", publicado na Inglaterra, e que não provocou grandes reações.

- Aos 31 anos publica "Tratados", em seguida "Investigação Sobre o Entendimento Humano". "Investigação Sobre os princípios da Moral".

 

- Aos 41 anos dirigiu a biblioteca da Faculdade e Ordem dos Advogados em Edimburgo. Várias obras históricas e sobre religiões lhe permitiram estudos aprofundados de história e filosofia.

- Com 45 sofreu um processo de excomunhão.

- Morreu aos 65 anos Em Edimburgo.

 

                                                             Descartes versus Hume

HUME E FILOSOFIA

- Filósofo do empirismo e ceticismo. Historiador.  

Políticamente progressista. Defensor do 'livre-comercio", considerado  fundador da economia política inglesa. O maior pensador do iluminismo escocês.

Ao lado de John Locke e George Berkeley, David Hume constitui a famosa tríade do empirismo britânico.

  O costume é, portanto, o grande guia da vida humana.

Contrariava Descartes e demais racionalistas,  as teorias filosóficas teológicas e metafísicas.

Hume argumentou que o raciocínio indutivo e a crença na causalidade não podem ser justificados racionalmente.

Influenciado pelos filósofos ingleses e franceses  deve a Newton seu método de análise relatado em: - Tratado da Natureza Humana – Uma Tentativa de Introduzir o Método Experimental de Raciocínio nos Assuntos Morais.

Tentou criar a ciência naturalista do homem ,que examinasse a base científica e psicológica da natureza humana.

 Argumentou contra a existência de ideias inatas, postulando que todo conhecimento humano deriva exclusivamente da experiência.

Não acreditava em causa e efeito  e afirmava que os hábitos derivam do  costume e hábito mental. Na verdade, nunca percebemos que um evento causa outro, mas apenas experimentamos a "conjunção constante" de eventos. 

"A razão é, e só deve ser escrava das paixões."

 Um oponente dos racionalistas filosóficos, Hume sustentou que as paixões ao invés da razão governam o comportamento humano.

 Sentimentalista que sustentava que a ética é baseada na emoção ou sentimento, em vez de princípios morais abstratos. 

Ele manteve um compromisso inicial com as explicações naturalísticas dos fenômenos morais e geralmente é considerado como tendo primeiro exposto claramente o problema é-deveríamos, ou a ideia de que uma declaração de fato por si só nunca pode dar origem a uma conclusão normativa do que deve ser feito.

 Hume também negou que os humanos tenham uma concepção real do self, postulando que experimentamos apenas um feixe de sensações e que o self nada mais é do que esse feixe de percepções causalmente conectadas. 

A teoria compatibilista do livre-arbítrio de Hume considera o determinismo causal totalmente compatível com a liberdade humana. 

Seus pontos de vista sobre a filosofia da religião, incluindo sua rejeição de milagres e o argumento do desígnio para a existência de Deus, eram especialmente controversos para a época. 

Hume influenciou o utilitarismo, o positivismo lógico, a filosofia da ciência, a filosofia analítica inicial, a ciência cognitiva, a teologia e muitos outros campos e pensadores. 

Importante para o pensamento contemporâneo  teve influência sobre Kant, sobre a filosofia analítica do começo do século XX e sobre a fenomenologia .Immanuel Kant atribuiu a Hume a inspiração que o despertou de seu "sono dogmático".

No século XX, os comentadores voltaram a destacar o lado propositivo do pensamento humano, que já se anunciava no próprio subtítulo de sua obra-prima: "uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais". Para Hume, os assuntos morais abrangiam todos aqueles temas que hoje consideramos como pertencentes às humanidades - como, p. ex., a política, o direito, a moral, a psicologia e a crítica das artes. 

 


PRINCIPAIS LINHAS DO PENSAMENTO

Impressões e ideias 

 "As impressões devem ser a forma original de todas as nossas idéias"

A ideia central  do Tratado da Natureza Humana, é que a mente funciona em percepções, ou os objetos mentais que estão presentes nela, e que se dividem em duas categorias: 

- "Todas as percepções da mente humana se dividem em dois tipos distintos, que chamarei de impressões e idéias.  

"As impressões devem ser a forma original de todas as nossas idéias"

A distinção se dá pela força ou vivacidade. ideias seriam impressões fracas.

 

Indução e causalidade

A indução diz respeito a como as coisas se comportam quando vão "além do testemunho presente dos sentidos, ou dos registros de nossa memória". Hume argumenta que tendemos a acreditar que as coisas se comportam de maneira regular, o que significa que os padrões no comportamento dos objetos parecem persistir no futuro e em todo o presente não observado. 

 

O 'eu' - Self

"A própria mente, longe de ser um poder independente, é simplesmente 'um feixe de percepções' sem unidade ou qualidade coesa". 

O self nada mais é do que um feixe de experiências ligadas pelas relações de causalidade e semelhança;

 

 Racionalidade, Moralidade e Ética

 "As decisões morais são baseadas no sentimento moral".

Hume negou a existência da razão prática como princípio porque alegou que a razão não tem nenhum efeito sobre a moralidade, uma vez que a moralidade é capaz de produzir efeitos nas pessoas que a razão sozinha não pode criar.

Ele entendeu o sentimento, ao invés do saber, como aquilo que governa as ações éticas, argumentando que a razão não pode estar por trás da moralidade.

 

 Religião

 "Todas as crenças religiosas "remetem, no final, ao medo do desconhecido"

 Em 'A História Natural da Religião' argumenta que as religiões monoteístas do judaísmo, cristianismo e islamismo derivam de religiões politeístas anteriores.

 Hume argumenta que  milagres não ocorrem e que, portanto, eles não nos fornecem nenhuma razão para pensar que Deus existe.

 

 Livre arbítrio, determinismo e responsabilidade 

Hume tentou conciliar o conceito da liberdade humana com a visão mecanicista de que os seres humanos são parte de um universo determinista, que é completamente governado por leis físicas. Postulava que liberdade é um poder de agir ou não agir, de acordo com as determinações da vontade. 

 

Política eEconomia

Considerado o fundador da Economia inglesa, desenvolveu muitas ideias que prevalecem no campo da economia. Isso inclui ideias sobre propriedade privada, inflação e comércio exterior. Possivelmente podemos atribuir a Hume  o primeiro modelo econômico verdadeiro. 

Hume acreditava que a propriedade privada não é um direito natural argumentando  que é justificada, porque os recursos são limitados. A propriedade privada seria um "cerimonial ocioso" injustificado se todos os bens fossem ilimitados e disponíveis gratuitamente.  Também acreditava em distribuição desigual da propriedade, porque a igualdade perfeita destruiria as ideias de economia e indústria. A igualdade perfeita conduziria ao empobrecimento.

 Apoiava a liberdade de imprensa e era simpático à democracia, quando adequadamente restringido.

Na política muitos acreditavam que era conservador e prudente.  Mudou de opiniões algumas vezes  ao longo da vida.

Estética  

As idéias de Hume sobre a estética e a teoria da arte  estão principalmente  relacionadas com seus escritos éticos. No Tratado (1740), ele aborda a conexão entre beleza e deformidade,  vício e virtude. Seus últimos escritos sobre o assunto continuam a traçar paralelos de beleza e deformidade na arte com conduta e caráter.

Em "Standard of Taste", Hume argumenta que nenhuma regra pode ser traçada sobre o que é um objeto de bom gosto. No entanto, um crítico de gosto confiável pode ser reconhecido como objetivo, sensível e sem preconceitos, e como tendo uma vasta experiência.

 "Of Tragedy" aborda a questão de porque os humanos gostam de drama trágico. Hume estava preocupado com a maneira como os espectadores encontram prazer na tristeza e na ansiedade retratadas em uma tragédia. Argumentava que o fato se dava  porque o espectador está ciente de que está testemunhando uma performance dramática. É um prazer perceber que os terríveis acontecimentos que estão sendo mostrados são na verdade ficção.  

Hume estabeleceu regras para educar as pessoas no gosto e na conduta correta, e seus escritos nesta área foram muito influentes na estética inglesa e anglo-saxônica.

 

 
INVESTIGAÇÃO SOBRE O ENTENDIMENTO HUMANO

A obra original foi publicada em 1748 como um desdobramento do livro "Tratado da natureza Humana".

Secção I 

- Aqui Hume trata das diferentes espécies de filosofia. Distingue uma filosofia fácil e descomplicada de outra acurada e profunda.

- A filosofia fácil, preferida pela humanidade e mais popular  utiliza de recursos poéticos, imaginativos que tocam o  ser humano  emocionalmente e tenta influenciar sua conduta através de exemplos de virtude e vício. O homem é influenciado nas suas avaliações pelo gosto e pelos sentimentos, está mais voltado para a ação do que para o raciocínio.

- Na filosofia abstrata (abstrusa)  e profunda o homem se esforça para formar seu entendimento pelo estudo criterioso da natureza Humana. Busca o conhecimento preciso das bases das operações mentais, dos princípios que regulam o entendimento, as paixões. Dos princípios que fundamentam a moral de forma objetiva.

- Esta filosofia  possibilita estabelecer delinear ou mapear as diferentes partes e poderes da mente”, que, segundo Hume "devem estar na base de quase todas as demais ciências".

Para Hume o ideal seria combinar as duas faces da filosofia.

 

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Lygia Clark: Um Estudo Sobre

 


"Envio como tarefa para o dia 10/06 uma pesquisa sobre a obra 'A casa é o Corpo', feita pela artistas brasileira Lygia Clark, no ano de1986. 

Vocês devem coletar e ler materiais sobre esta obra e, caso desejem, também sobre a artista, e levar as informações coletadas para debatermos coletivamente na aula do dia 10/06. 

Não é necessário organizar nenhuma apresentação em power point ou escrever alguma resenha com as informações coletadas nessa pesquisa, mas apenas estudar sobre a obra, artista e se preparar para o debate que faremos em aula."

Obs: Posteriormente foi solicitada uma apresentação escrita sobre a artista.

A CASA É O CORPO 


 A Casa é o Corpo - (1968 - 2012)


Lygia Clark - Uma Retrospectiva
 

 

 
 
 

A artista mineira viveu durante seus 67 anos de vida entre Rio de Janeiro e Paris, lugares onde estudou e trabalhou no âmbito da arte. 

Começou sua trajetória artística na pintura, momento em que teve importantes professores. Ao longo de seu percurso, foi deixando a pintura de lado, dedicando-se à escultura e, em uma última etapa, às performances, nas quais o corpo faz parte da obra de arte. Lygia Clark. 

Lygia Clark nasceu em outubro de 1920, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Começou seu percurso artístico em 1947, quando se mudou para o Rio de Janeiro, orientada por Burle Marx. De 1950 a 1952, viveu em Paris com seus três filhos, onde estudou com os pintores Fernand Léger, Arpad Szenes e Isaac Dobrinsky. 

Sua primeira exposição individual ocorreu em 1952, em Paris, no Institut Endoplastique. No mesmo ano, a artista retornou ao Brasil, onde expôs no Ministério da Educação e Cultura, no Rio de Janeiro, e começou a integrar o vanguardista Grupo Frente, liderado pelo pintor Ivan Serpa. 

Foi uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto e participou da primeira Exposição Neoconcreta, em 1959. Nesse período, começou a introduzir em suas pinturas uma força tridimensional, criando telas que parecem querer extrapolar a superfície plana. Isso é visível em trabalhos como “Superfícies Moduladas”(1952-57) e “Planos em Superfície Modulada”(1956-58). Aos poucos, foi substituindo a pintura pela escultura, fazendo experimentações com objetos tridimensionais.

 Em 1960, realizou a série “Bichos”, composta por objetos metálicos manipulados pelo espectador. Durante o mesmo ano, foi professora de artes plásticas no Instituto Nacional de Educação dos Surdos. Entre 1970 e 1976, retornou a Paris, onde viveu e lecionou na Faculté d´Arts Plastiques St. Charles, na Sorbonne. 

Nesse período, seu trabalho se afastou da produção de objetos, voltando-se a experiências corporais. Em 1976, Lygia Clark voltou ao Brasil, época em que se dedicou a estudar sobre as possibilidades terapêuticas da arte sensorial e dos objetos relacionais. 

No final da sua vida, a artista passou a considerar seu trabalho alheio à arte e mais próximo à psicanálise. Sua obra ganhou reconhecimento internacional e seu trabalho está exposto em importantes museus pelo mundo, como no MoMA, em Nova Iorque, e no Centre Pompidou, em Paris. 

OBRAS 


 

 




Tridimensional - Surrealismo e Salvador Dali II


Em decorrência do exercício proposto como atividade assíncrona  ( veja aqui )sobre percepção de partes da casa usando  e descrevendo as sensações apreendidas foi solicitado um ensaio para produção de artefato tridimensional

No caso  a obra que serviu de inspiração foi o trabalho de Salvador Dali ( acima ) e o próprio desenho digital de folhas soltas.

Técnica Resina 


 Vídeo: produzindo pingentes

O objeto proposto é uma instalação em forma de  mobiles pendentes  que poderia mser produzido sutilizando resina; incorporando elementos que representassem as sensações percebidas em texturas e cores. Como o sentido escolhido foi o olfato seriam  incluidas  essências cítricas em algumas das  estruturas vazadas que contivessem minúsculos sachets, para difusão do aroma.  

 

 Técnica Têxtil


 
A segunda alternativa seria confeccionar o mesmo mobile  de forma têxtil com tecidos orgânicos ( linho, algodão, juta , feltro, )  de diversas texturas e graduações de brilhos, retalhos de couro e contas. As formas do mobile/instalação  em tecido ou couro seriam trabalhados com cordas, barbantes, contas de madeira, vidro e sementes nativas.







terça-feira, 13 de julho de 2021

Pintura - Cores Frias, Quentes e Harmônicas

CORES HARMÔNICAS

 TEMA I: Silhuetas da Natureza


 Indonésia - Foto de M. Roudnitska

 


Paleta e Desenho (digital) : sobre imagem original / fotografia


*Em andamento - Esboço.


 * Em andamento



Técnica: Óleo sobre tela  - 40 cm X 50cm

Material: tela, pinceis, tintas  a óleo 


TEMA II: COMPOSIÇÃO DE ELEMENTOS  - "Um Conto de Tudo".

Técnica: Colagem Digital harmonizando cores complementares e análogas.

Elementos:  Representação gráfica de elementos pré determinados - casaco verde, lenço de seda azul, lua, castiçal, abajur, livros, gato, máquina de escrever, sol brilhante, gravidez, sapatilhas vermelhas, fotografias ou máquina fotográfica, runa pedra rosa de lua crescente, manuscrito, casa abandonada, flores de camomila,  cobras.


Colagem 1


 Colagem 2

  

CORES QUENTES 

TEMA I : Silhuetas da Natureza


 Niterói - Foto de Luiz Behring

 

Paleta e desenho (digital): sobre imagem original/fotografia

 



Técnica: Óleo sobre tela - 18cmX 18cm

Material: tela, pinceis, tintas a óleo

 

 CORES FRIAS

TEMA I: Silhuetas da Natureza

Ásia - autor desconhecido

 


 Paleta e desenho (digital): sobre imagem original/fotografia

 


Estudo 2



Estudo 3

Técnica: Aquarela

Material: Papel gramatura 180, pinceis, tintas para aquarela em bisnaga.

 

Tridimensional - Lygia Clark

 

 
 
 
Vídeo 

quinta-feira, 8 de julho de 2021

David Hume - Seminário de Filosofia

 em andamento / para 19 de julho

Filosofia - Avaliação de 1º Bimestre - Descartes e Meditações Metafísicas

 Meditações Metafísicas de René Descartes, 1641.

René Descartes (1596-1650)

INTRODUÇÂO

 As meditações do filósofo René  Descartes não eram  ordinárias, mas “metafísicas”. Elas alcançaram  além do que a natureza nos oferece, de forma óbvia e imediata.  Foram organizadas com um objetivo específico e exigente: "estabelecer algo firme e constante na ciência e conhecimento". 

No  método das Meditações Metafísicas acontecem duas etapas. Em primeiro lugar, é necessário "abandonar todas as opiniões"o que se faz na Primeira Meditação.

Após  será necessário"começar tudo de novo desde os fundamentos", o que se realizará nas meditações seguintes. 

Portanto o caminho foi  passar pela dúvida ampla e rigorosa objetivando alcançar a estabilidade da certeza.

  Destrua para reconstruir.

MEDITAÇÕES

 Na Primeira Meditação, início das Meditações Metafísicas (1641), Descartes foi em busca  da certeza, questão que já havia começado no Discurso do Método (1637).

- Podemos ter certeza de algo neste mundo? 

- Podemos alcançar uma base fixa e sólida sobre a qual construir nosso conhecimento? 

Neste primeiro momento  em que aparece a "Dúvida" tenta provar  a dificuldade que nós temos em confiar nas percepções dos sentidos para conhecer as coisas.

Na Segunda Meditação surge  o "Cogito". Ele encontra  algo que resiste a dúvida.  A afirmação"Sou" (conhecida como cogito) é verdadeira sempre que dita ou pensada. 

Descartes tenta provar " Existência de Deus"na Terceira Meditação.  Estando no estado em que sabe  que algumas de suas ideias não se comprovam (hipótese do gênio maligno), ele desenvolve três etapas argumentativas a fim de convencer sobre a existência divina: 

1 – Encontrar a ideia de perfeição 

 2 – Analisar esta ideia de perfeição. Potencializar ideias positivas no seu grau máximo.

 3 –Casualidade (causa e efeito). Tem que haver mais realidade na causa do que no efeito. A hipótese do gênio maligno torna-se uma ilusão e ele parte para a existência da perfeição. “( da ideia de perfeição, presente em meu espírito, infiro a existência da perfeição como única causa possível desta ideia.”)

 A Quarta Meditação argumenta sobre o"Erro". Teodicéia *epistemológica  onde se mostra que o homem, e não Deus, é o responsável pelos erros.

* conjunto de argumentos que, em face da presença do mal no mundo, procuram defender e justificar a crença na onipotência e suprema bondade do Deus criador, contra aqueles que, em vista de tal dificuldade, duvidam de sua existência ou perfeição.

Foca nas "Essências Matemáticas" na Quinta Meditação quando são retirados os motivos para duvidar da matemática e da geometria.

 A Sexta Meditação trata das considerações sobre o"Mundo Externo". Excluem-se  os motivos para duvidar das sensações. É provada a existência dos corpos. 

 


PRIMEIRA MEDITAÇÂO

 Descarte adota  como método o critério de  considerar falso todo o duvidoso, apresentando  as seguintes razões para explicar a dúvida:

  -Engano dos sentidos 

 (Tudo o que recebi, até presentemente, como o mais verdadeiro e seguro, aprendi-o dos sentidos ou pelos sentidos.”)

 A dúvida cartesiana é apresentada em etapas: primeiro formulaa  a dúvida em relação aos sentidos.  A certeza dos sentidos constitui o primeiro "fundamento " que torna-se  foco da reflexão cartesiana. “Fundamentos” e “princípios” aqui  se referem ao conhecimento primário que constitui a sustentação  de onde surgem todas as afirmativas..

- Sonho 

 ("...todavia devo aqui considerar que sou homem e, por conseguinte, que tenho o costume de dormir e de representar em meus sonhos..."). Descartes se debruçou sobre a ideia de que nossas percepções poderiam ser advindas de sonhos  muito realistas. 

"A vida é um sonho um pouco menos inconstante", escreveu Pascal .Se não há diferença na natureza entre sonho e realidade, então não há como provar que não estamos sonhando agora.

A principio o filósofo  considera que a percepção (o conhecimento que nos vem dos órgãos dos sentidos) é falha. Afirma que ao  pensar que alguma coisa como real podemos  estar apenas sonhando, tendo uma visão,  estarmos com febre ou mesmo  mergulhados na loucura.

Entretanto conclui mais tarde que os elementos dos sonhos são  reais e portanto devem existir fora deles. Outro caminho que o afastou desta  dúvida foi a certeza matemática. As verdades matemáticas imbuídas de certezas não naturais (não "físicas") surpreenderam Descartes, que era matemático antes de se tornar filósofo.

- Loucura ("E como poderia eu negar que estas mãos e este corpo sejam meus? A não ser, talvez, que eu me compare a esses insensatos (os loucos) que constantemente asseguram que são reis quando são muito pobres; que estão vestidos de ouro e púrpura quando estão inteiramente nus; ou imaginam ser cântaros ou ter um corpo de vidro")

- Composição pela imaginação - Considerando imaginação, enquanto fonte de conhecimento ou fonte de produção de ideias,  Descartes argumenta  que o que é composto  nesta faculdade é  arbitrário. Conceitos  formados pela mente de modo arbitrária e não necessários. Neste contexto faz  uma analogia entre quadros de pintura,, que também são arbitrariamente compostos pelos artistas.

- O Gênio Enganador  - Apesar de todos esta reflexão  Descartes pensou que os sentidos ainda poderiam encerrar algo  enganoso que nos convença da sua realidade. Surgiu então a teoria do gênio maligno ou espírito do mal  disposto a enganar todo o tempo. A entidade que usaria de todos os recursos par nos fazer pensar que o que existe não existe e vice-versa. Esse poder maligno seria capaz de mergulhar nossas mentes em uma ilusão completa, afetando tanto nossos sentidos quanto nossa razão. Para tanto descartes nos pede um ato voluntário: devemos imaginar um "gênio do mal, não menos astuto e enganador do que poderoso, que usou toda a sua indústria para me enganar ”.

CONCLUSÃO

Primeiramente o filósofo chamou nossa atenção para o processo da dúvida. Mostrou que duvidar é um exercício racional, ou seja, toda dúvida exige uma resposta, um resultado. Duvidar dos próprios sentidos é desafiar-se a si mesmo. Duvidar dos sentidos, apresentar o argumento dos sonhos e a hipótese do gênio maligno ou do Deus enganador foram algumas formas, de início, utilizadas. Descartes viu nelas a possibilidade de atingir uma certeza maior do que as certezas que já existiam da vida cotidiana. 

Assim termina a primeira meditação metafísica: no meio da escuridão. É  densa, as vezes obscura, da qual a primeira vista nenhuma luz parece brotar.

Referências

1.Considerações Acerca das Meditações Metafísicas Cartesianas , Maria Aliete Colaço

2. France Culture.com

3. La Culture Generale.com      

4.Meditations on First Philosophy


Pintura - Gamas de Harmonização