segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Pastel Seco

 

 


Degas – “Bailarina amarrando a sapatilha”, 1885. Pastel sobre papel, 19 x 24 in. Coleção da The Dixon Gallery and Gardens, Memphis, Tennessee

Técnica

A técnica de giz pastel representa uma elegante maneira de “pintar a seco”.Leonardo da Vinci. 

É uma técnica que emprega pequenas barrinhas de pigmentos secos misturados com um agente aglutinante, que pode ser simplesmente água ou geralmente “goma adragante” . 

 O Pastel é pigmento puro. O mesmo pigmento que se utiliza para diversas técnicas de pintura artística, como óleo, aquarela e acrílica.

Pastel seco é   diferente dos pastéis oleosos, que têm um aglutinante  oleoso. E também de gizes de baixo teor de cor e outra presença de pó de corte, como giz ou argila.

Nascido para apoiar a técnica do desenho, o pastel atingiu o máximo de elaboração técnica no século XVIII. 

Rosalba Carriera foi uma das artistas que usou a técnica em retratos, obtendo  nuances delicadas e peroladas. Alcançou esses resultados equilibrando a secura do meio com o uso de substâncias orgânicas, incluindo cera de ouvido. Todo pastelista tinha alguns segredinhos, pois o meio é de grande efeito, principalmente na renderização da luz,. No entanto requer alguns exercícios e uma forma adequada de abordagem.  

 Para evitar que a cor caia com o tempo, o pastel necessita de uma ligeira fixação.  É necessário borrifar o spray fixador longe do papel  evitando que o mesmo se molhe. 

 


Edith Blin, “Bailarina de tutu amarelo” – Pastel sobre cartolina preta, 1957

Composição 

Pigmento e aglutinante! O pigmento é aplicado praticamente em seu estado natural, por esta razão oferece ao artista a pureza total das cores. As pinturas a pastel são muito mais intensas, estáveis e duráveis, quando comparadas com todas as outras técnicas existentes.

Por não possuírem nenhum agente líquido como os presentes em todas as outras técnicas (óleos, resinas e vernizes), não sofrem de todos os seus problemas. Desta forma não apresentam alteração e escurecimento das cores após a secagem, amarelamento das resinas e vernizes, rachaduras ou empolamentos no decorrer do tempo. 

 Luminosidade

A grande luminosidade se deve ao uso mínimo de um veículo-aglutinante tão mínimo, subtil e inerte levando à alta concentração de pigmentos.

Não existe outra técnica com esta saturação de tons e estabilidade das cores ao longo prazo, ou com o mesmo poder de cor. As pinturas e desenhos feitos a pastel refletem a luz como um prisma, sem escurecer permitindo cores extremamente saturadas e luminosas. 

 Suportes

Papel é o suporte mais indicado para pintar em pastel seco, já que oferece condições de fixação ou de aderência dos pigmentos em pó. No entanto pode-se usar qualquer superfície de textura aveludada, corrugada ou finamente áspera . Os papéis do tipo Arches de grande gramatura são os mais adequados. Podem também ser usados papéis colorido do tipo Ingres, Miteintes, Tizziano, Carmem ou similares.

Durabilidade

 Existem trabalhos em pastel do século XVI que exibem até hoje a mesma frescura que tinham no dia em que foram pintados. Marcas de giz pastel de alta qualidade geram  obras permanentes e de longevidade indeterminada. 

Se combinados com um papel durável e adequadamente conservadas, devido à qualidade dos materiais e pigmentos, as cores são altamente resistentes ao desbotamento. 

Este material tem uma classificação quanto ao seu grau de fugitividade (ligthtfastness) segundo a ASTM (American Society of Testing and Materials) como categoria “1” (Excelente) Esta classificação se refere a: pigmentos sem nenhuma tendência fugitiva, ou seja, sua cor não se altera quando exposto à luz.

Pintura ou Desenho?

Quando o suporte é completamente coberto com o pastel, o trabalho é considerado uma pintura a pastel. Se boa parte do suporte é deixado exposto é chamado de esboço a pastel ou desenho. 

Técnica de Pintura 

As cores são aplicadas diretamente com as barras de pastel sobre o papel ou qualquer outra superfície a utilizar. A mistura dos tons é naturalmente obtida esfregando com os próprios dedos ou com um esfuminho sobre a pintura. 

As barrinhas costumam ser de forma cilíndrica o que favorece o uso com rotações livres, o desenho de finas linhas com as arestas das bordas, e o preenchimento de amplas áreas com a barra deitada lateralmente. 

Também podem ser quebrados para se produzir arestas pontiagudos quando necessário para os detalhes nítidos e precisos. Os erros podem ser consertados com a utilização de uma "borracha pão" ( limpa tipos ou a tradicional borracha de vinil e podem ser quase completamente removidos. 

Os brilhos e clareamentos podem ser obtidos com toques leves de “borracha miolo de pão".

É possível trabalhar  o giz pastel como técnica única ou como um material complementar de outras técnicas. Pode ser combinado com a tinta aquarela, guache, acrílica, carvão ou lápis de grafite em pintura de técnicas múltiplas, combinadas para se obter efeitos diferenciados.

O pastel é técnica extremamente direta e íntima, dispensando a necessidade de qualquer outro instrumento intermediário, como pincéis ou espátulas. São utilizadas apenas as mãos e os dedos diretamente sobre a pintura  o que confere caráter de interação do artista com sua pintura . proporcionando  personalidade a cada trabalho. Tem boa textura ao tato e as vezes é aromático.

Estilos

Os Pastéis são ideais para criar pinturas intuitivas com movimentos largos,e firmes. É uma técnica apreciada para a pintura de paisagens naturais e retratos de pessoas por suas características de fusão das cores de forma muito sutil. Os gradientes suaves e diluídos são adequados na representação de peles, céus, nuvens, terrenos, vegetações, tecidos e similares, tornando esta técnica uma opção  para composições expressivas. Também é atraente para a pintura de grandes painéis, pois ao observá-los de certa distância a pintura e as cores se fundem de modo tão natural que o efeito é extraordinário.

História

 A técnica do pastel foi mencionada pela primeira vez por Leonardo da Vinci em 1495 e a  invenção é atribuída ao pintor alemão Johann Thiele. 

O pastel tem origem francesa e faz parte do clima experimental das décadas do Renascimento. Também é possível reconhecer a autoria desta invenção ao pintor Jean Perréal (1455-1530).

Leonardo da Vinci (1452-1519) em seu “Codex Atlanticus” no fólio 247, falou de “… uma nova técnica de pintura com diferentes cores secas…e no século XVIII ela passa de uma técnica de estudo a um meio para obras acabadas. 

O pastel caiu em desuso com a chegada da Revolução Francesa e, na sua versão seca, caracterizou sobretudo a obra de  Edgar Degás (1834-1917), que foi o primeiro pastelista entre os impressionistas.

Entretanto foi a artista Rosalba Carriera (1675-1750), quem utilizou realmente o giz pastel como material de pintura e não apenas para desenhar esboços. Ao longo do tempo esta técnica foi escolhida por grandes Mestres da Pintura como: Edgar Degás, Renoir, Manet, Delacroix e Toulouse-Lautrec.

Recomenda-se ao artista que deseje pintar com pastel estudar as obras de de La Tour e do seu contemporâneo Perronneau (1715-83), os retratos mais sérios de Chardin (1609-1779) e as inúmeras técnicas aplicadas por Degás, Edouard Manet e La Trec.

Referência:Técnica de Giz Pastel ou Pastel a Seco; Stille Art; Arte na Rede

 

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